“A New Day” é o primeiro episódio de “The Walking Dead”, adventure distribuido por download baseado na famosa série de zumbis. O game segue de perto a história em quadrinhos original, mas se trata de uma aventura paralela.
Aqui, você controla Lee Everet, um ex-detento que é acompanhado por uma garotinha, Clementine, na luta pela sobrevivência nos arredores de Atlanta, logo após a infestação de mortos-vivos começar.
A dupla passa por algumas locações conhecidas dos fãs da série e também por locais inéditos, em uma história que complementa a aventura de Rick e seus amigos.
Excelente roteiro
Mais do que um jogo, “Walking Dead” é uma excelente história interativa. O jogo traz momentos de tensão, dramas humanos e ótimos personagens, a maioria criada especificamente para a aventura, e todos são interessantes e envolventes.
Mesmo Lee e Clementine, os protagonistas, que são um tanto clichês – homem com passado misterioso que tem uma chance de redenção ajudando garotinha adorável indefesa – funcionam bem. A relação dos dois é construida em cenas de ação e longos diálogos que fazem com que você, jogador, se importe com a amizade entre os personagens.
Há participação de personagens conhecidos, a exemplo de Glenn e Hershel Greene. Como a aventura começa bem antes da saga do policial Rick e sua família, o jogo preenche lacunas sobre o passado desses personagens, enriquecendo o universo de “Walking Dead”.
Entre os coadjuvantes, há aqueles detestáveis, outros com quem você simpatiza rapidamente e aqueles que geram emoções ambiguas. Mas fica a dica: não se apegue a ninguém em “The Walking Dead”. Assim como nos quadrinhos e na TV, personagens importantes podem morrer de uma hora para outra.
Primeiro de 5 episódios, “A New Day” tem 2 horas de duração e cumpre seu papel de apresentar o cenário, seus heróis, perigos e principalmente, envolver jogadores nesta nova aventura.
Gráficos estilizados
“The Walking Dead” possui um estilo artístico que combina cenários tridimensionais com um traço similar ao dos quadrinhos. A maior diferença é que, diferente do preto e branco das HQs, no videogame tudo é colorido, com tons fortes e vibrantes.
Os personagens são bem animados e a movimentação está mais natural do que em outros jogos da Telltale, como “Back to the Future”, por exemplo. Por falar em personagens, como são inspirados na versão dos quadrinhos, fãs da série de TV podem estranhar as feições de Glenn e, principalmente, do fazendeiro Hershell.
Vale observar, “Walking Dead” não poupa o jogador de cenas fortes, com corpos despedaçados, violência intensa e outros elementos típicos de histórias de zumbis. O jogo não é uma matança exagerada como “Dead Rising” ou “Left 4 Dead” e, talvez por isso, cada ameaça e morte pareçam mais agressivas e dramáticas.
Boas mecânicas de jogo
O game em si consiste em uma combinação de diálogos, exploração dos cenários, puzzles e combates. Com um sistema de controle mais refinado do que “Jurassic Park”, “The Walking Dead” é agradável de jogar tanto no teclado quanto com um joystick.
São controles fáceis de dominar, mesmo para quem não é tão acostumado com videogames, mas curte a série de TV e pode se interessar em experimentar o jogo.
Os conflitos e discussões entre os personagens representam boa parte deste primeiro episódio. Você possui várias opções de respostas nessas horas. Nenhuma delas é certa ou errada, mas influenciam como os outros personagens se relacionam com Lee.
Para deixar as coisas mais emocionantes, vários diálogos oferecem um limite de tempo para escolher a resposta, principalmente durante uma discussão acalorada ou na hora de inventar uma mentira.
Para resolver algumas situações, é preciso explorar o cenário, encontrar itens e conversar com outras pessoas. Os puzzles são poucos e bem integrados ao que está acontecendo. Nesse sentido, “Walking Dead” é mais realista do que a maioria dos jogos do gênero e se concentra mais na conversa do que na resolução de quebra-cabeças que destoam da situação.
O combate rende as cenas mais tensas do jogo. Tudo o que é preciso é apontar e clicar na hora e na direção certas. Parece simples, mas não há lugar para erros ou hesitação aqui. Qualquer descuido e os mortos-vivos vão matar você.
Há momentos em que é preciso planejar a investida contra os mortos-vivos e em outros, é preciso escolher uma linha de ação ou outra, com o tempo correndo e consequências irreversíveis. A história se adapta ao que você decide, o que deixa as coisas ainda mais interessantes: não é só uma história de “Walking Dead”, mas ‘a sua história’ na série.
Câmera muito próxima
Em alguns ambientes, a câmera fica muito próxima do personagem. Como é uma câmera fixa, explorar os cenários pode ser bem complicado com a imagem de Lee ocupando espaço demais.
Em outras situações, a proximidade da câmera dificulta apontar na direção certa, prejudicando a execução de tarefas que, com um pequeno ajuste, seriam simples de realizar. Não é algo constante e não torna esses trechos absolutamente irritantes, mas é um aspecto que pode ser corrigido nos próximos episódios do game da Telltale.
Dicas para os portables!