O primeiro detalhe que chama a atenção é a narrativa do jogo. Apesar de ter uma trama bem superficial, ela é toda contada usando o mecanismo do game de forma extremamente cinematográfica: planos de detalhe e panorâmicas são usadas ao invés dos planos enlatados de jogos como “Metal Gear”, resultando em um efeito mais dramático. E com uma trilha sonora orquestrada pela Filarmônica de Budapeste, o game não peca em sua apresentação.

Chamar atenção… quem, eu?

Mas uma vez controlando o grande e intimidador careca (que garante sua presença com uma câmera em terceira pessoa), jogadores do primeiro game perceberão que a IO foi longe para reparar a longa lista de problemas do game original. É possível salvar o jogo um número limitado de vezes por fase (com uma exceção: no modo mais difícil não é possível salvar) e a operação das muitas habilidades de 47 é facilmente acessível para quem joga com um mouse com roda de rolagem. Ao contrário de “Quake”, você terá mais funções do que trocar de arma e recarregar: para garantir sua furtividade, 47 usa todo tipo de truque: rouba roupas de civis, move corpos para locais de difícil acesso, esconde armas em pacotes discretos, usa clorofórmio para evitar mortes desnecessárias, olha por buracos de fechadura… vale tudo para não ser detectado.

Quem jogou o game anterior perceberá que o assassino 47 tem a opção de usar um pouco mais de violência: mas ao completar a missão com mais carnificina… você recebe uma nota pior. Um dos efeitos colaterais interessantes disso é o grande número de possibilidades para cada fase – existem diversas maneiras de completar cada missão – e não se trata simplesmente de uma pequena diferença: você pode tomar rotas totalmente diferentes e só matar o alvo específico, ou sair atirando para todos os lados… mas com alguma estratégia, pois apesar de muito forte, 47 ainda morre depois de alguns tiros.

O jogo não perdoa fácil. O fato de 47 ter dois metros de altura, vestir um terno impecável e ter uma aparência nada amável faz ele saltar no meio da multidão. Correr em certos lugares é o suficiente para atrair a atenção dos seguranças de seu alvo. Ele pode esconder armas de fogo menores na roupa (contato que não passe por um detector de metais – nesse caso ele precisa enviar as armas de outra maneira ou recorrer a um fio para enforcar a vítima), mas rifles são sempre visíveis e devem ser usados com precaução. Esse tipo de planejamento adiciona uma grande complexidade ao jogo – e se você é do tipo que acha que “Level”, “Score” e “Lives” é muito texto para um game, “Hitman 2” não é para você.

Pés de bailarina

Felizmente, o grandalhão sabe ser silencioso. Ele pode andar furtivamente ou agachado, diminuindo bastante a possibilidade de ser apanhado. Mas isso traz um outro efeito… ou defeito: ele anda devagar. Muito devagar. Fãs de “Unreal Tournament” se perguntarão se ele sequer está em movimento.

Entre as fases, o personagem volta para sua cabana na igreja, onde todas as armas adquiridas nas missões são armazenadas. É preciso escolher cuidadosamente o que levar (existe um limite, além do problema da detecção), adicionando ainda mais estratégia ao game. Cada fase traz um pequeno universo em si: pessoas param para urinar escondidas atrás de árvores, guardas se deixam levar por um papinho de vez em quando e pessoas inocentes transitam livremente. Todos esses elementos podem ser usados em seu favor – se você for inteligente.