Quem da comunidade de gamemaníacos no mundo não virou fã, ou pelo menos teve uma certa afinidade,com o primeiro filme da série Matrix?! Certamente, se fôssemos contabilizar os que não viraram fãs do filme de ficção, chegaríamos a um número próximo de 1 ou 2 em 10, no máximo. Pois bem, agora vamos pensar quem desses milhões de jogadores e prováveis interessados na série que gostariam de poder vivenciar este “Universo Matrix”, usar e abusar do bullet time (mesmo o efeito já tendo sido corrupiado por outros títulos anteriormente), fazer o uso dos golpes de arte marciais “impossíveis” do filme e, ainda, ter acesso a cenas exclusivas que detalham situações do segundo episódio – Matrix Reloaded – que não foram e nem serão divulgadas em nenhum outro meio. Não é preciso muitos argumentos para provar que praticamente todos os gamers gostariam de um game como este, certo? Agora, podemos lhe afirmar que tudo isso e muito mais está disponível em Enter The Matrix, um game que foi escrito e dirigido pelos irmãos Wachowski (criadores da série e diretores da trilogia cinematográfica).
Se o game existe, você pode estar pensando que ele tem de tudo para ser o maior sucesso e já está pensando em como adquiri-lo, certo? Pois bem, como tudo o que parece ser “perfeito demais” neste mundo, Enter The Matrix não saiu o melhor game da história como muitos esperavam, aliás, ficando bem longe deste título. Mesmo levando mais de dois anos para ser desenvolvido pela Shiny, o título chegou com diversas falhas, decepcionando muito a expectativa criada antes de seu lançamento pela Atari, mas, ainda assim, não é de todo mal e pode agradar os menos exigentes e grandes fãs da série. Saiba agora o que o game tem de melhor, e onde pisa na bola:
Jogabilidade:
Basicamente, o controle de Enter The Matrix (ETM) não traz nada de revolucionário. Como é comum nos games do estilo, você controla a visão do personagem e os controles de ação (tiro primário e secundário, socos e pontapés) com o mouse, e utiliza as teclas de movimentação do personagem, escolhe as armas e faz uso das outras funções pelo teclado. Além das funções normais, o game traz como “novidade” a função Foco, que deixa o game com o bullet time (ou tempo de bala), e permite realizar movimentos especiais. O Foco é representado por uma barra no canto inferior direito da tela e que, ao ser utilizado, sua quantidade diminui, mas volta a aumentar com o tempo (demorando mais no modo de dificuldade maior ou menos no nível mais fácil), assim como o seu nível de saúde, controlado pela barra inferior no canto esquerdo, que é recuperada da mesma maneira como o Foco. Esta recuperação automática tanto da saúde como do Foco acaba tirando um pouco do desafio do jogo, e torna os kits de saúde espalhados pelas fases quase que sem utilidade, já que você pode se recuperar a qualquer momento, bastando “se esconder” pelo período necessário enquanto seus níveis são recuperados (a não ser em alguns momentos especiais, como quando se enfrenta os poucos chefões, quando inexplicavelmente a barra de saúde não se recupera).
Além da menor ou maior demora no tempo de recuperação do personagem, a diferença entre os três níveis de dificuldade – Fácil, Normal e Difícil – é relacionada aos seus inimigos, que ficam mais inteligentes e difíceis de se matar. O nível Fácil é extremamente sem graça, já que o desafio fica reduzido a zero, com enorme simplicidade em matar os inimigos e passar pelas fases, sem risco algum de acabar o seu nível de saúde, possibilitando terminar o game em poucas horas de jogo. Já o nível Normal traz um desafio bem maior, mas que com a prática acaba se tornando também um tanto quanto monótono a partir de um momento, pois dificilmente os inimigos conseguem lhe surpreender. Já o nível de jogabilidade Difícil, oferece realmente uma experiência mais desafiadora requerendo pelo menos umas 10 horas para terminar as missões com cada um dos personagens, obrigando o jogador a pensar muito mais para conseguir cumprir todos os objetivos com sucesso, além de tornar a IA (Inteligência Artificial) dos inimigos bem mais precisa.
Falando nos personagens, o game lhe permite entrar no Universo Matrix na pele de dois personagens aparentemente secundários no filme Reloaded – Niobe e Ghost -, porém, apresentados no game como uma importância bem maior no contexto para ajudar Neo, Trinity, Morpheus e CIA, na guerra para salvar Zion. Embora o início do jogo e algumas fases subseqüentes sejam iguais, independente do personagem escolhido, existem várias missões e cenários exclusivos dependendo da sua escolha, além de cenas de vídeos exclusivas para cada um, o que incentiva o jogador a terminar o game com ambos, com diferentes experiências ao se jogar com um ou com outro. Também estão disponíveis movimentos e golpes especiais para cada um.
Uma das piores partes do jogo são as fases de perseguição de carros, que inicialmente aparentava ser uma boa opção para ajudar a mesclar o game com um estilo diferente e sair da mesmice de ficar atirando e correndo pelos cenários. O problema é que a jogabilidade e o controle do veículo ficaram péssimos, sem o menor realismo. Ao se jogar com a Niobe, você será encarregado de dirigir o carro, e pedirá a ajuda do Ghost com a tecla Shift, para que ele saia do carro e desça chumbo nos carros policiais, só que o controle é totalmente arcade, com péssima dirigibilidade e também uma visão da câmera muito ruim. Já na pele do Ghost, você será o encarregado de acertar os carros de polícia nas fases de perseguição, sem se preocupar em controlar o carro, que será feito pelo computador no papel da Niobe, porém, você terá que agüentar toda a “barberice” da personagem, que bate a todo o momento em qualquer poste ou obstáculo pela frente. A boa notícia é que as fases que envolvem a perseguição entre veículos são curtas e só dão as caras em raros momentos do jogo.
Já nas fases “normais”, controlando o personagem contra os inimigos nos combates a mão-armada ou corpo-a-corpo, a maior crítica dos jogadores têm sido sobre a má precisão da jogabilidade, o posicionamento da câmera e o efeito visual do bullet-time, levando muitos gamers a compará-lo a uma qualidade inferior ao Max Payne, de dois anos atrás e seus MODs mais recentes. De início, realmente o controle do personagem pode parecer um pouco confuso, e não muito preciso para combater aos inimigos. Porém, com um certo tempo de prática, pode-se adquirir o domínio de todos os golpes e movimentos possíveis (sendo que alguns movimentos exigem bastante prática no teclado por parte do jogador), a jogabilidade se mostra bem melhor do que a primeira impressão, e a possibilidade de realizar todos os golpes à lá Matrix são realmente compensadoras, satisfazendo o sonho de qualquer gamemaníaco.
Outro ponto negativo do jogo são os bugs, que fazem parte da jogabilidade (sem atrapalhar tanto neste sentido) e na IA que foram diminuídos com o último patch lançado até a finalização desta review (v.1.52), mas ainda marcam presença. Uma das falhas mais graves é visualizar os inimigos apontando para uma direção contrária a sua, mas os tiros saírem em sua direção. O jogo também se torna um pouco cansativo em algumas fases mais longas, onde o cenário é extremamente repetitivo e bastante confuso para se encontrar a saída, parecendo que as fases foram “esticadas” só para garantir um tempo maior de duração na jogabilidade. Se você é daqueles jogadores que adoram procurar por passagens e itens secretos, poderá se decepcionar com Enter The Matrix, já que não traz praticamente nenhum extra neste sentido.
Mesmo com essas pisadas de bola por parte da Shiny, o game traz um enredo bastante envolvente aos fãs do filme, com a possibilidade de realizar movimentos extraordinários e com bons níveis de desafios, embora só se torne desafiador mesmo no nível Difícil. Além disso, a possibilidade de passar por cenários do Reloaded, interagir com personagens principais (embora sejam muito raros no game) e ainda ver cenas exclusivas, filmadas com os atores reais, que compõem a história do segundo filme da série, já seria motivo suficiente para agradar todos os fãs.
Para finalizar este quesito, não poderíamos deixar de falar do modo de hackeamento – Hacking The Matrix – que prometia um adicional a jogabilidade totalmente inédito, permitindo ver vídeos como o trailer do terceiro filme, Matrix Revolutions, habilitar códigos secretos, novos modos de jogo, entre outras novidades. Porém, na versão para PC inexplicavelmente não foram incluídos alguns dos extras mais interessantes, como o modo “The One”, que permitiria lutar na pele de Neo contra centenas de sentinelas, e o modo multiplayer, que permitiria combates contra outro jogador na mesma máquina, e que só marcaram presença nas versões para consoles. Na versão para computador são liberados apenas os modos “Treinamento do Sparks” e “Espada”, que ficam acessíveis quando se termina o game com cada um dos personagens. A boa notícia é que alguns fãs ainda estão descobrindo alguns segredos deste modo de hackear o game, o que pode trazer mais alguns adicionais.
Áudio:
A qualidade sonora apresentada em ETM é um dos melhores pontos do game. O jogo traz uma trilha de fundo totalmente ambientada com os filmes, isto significa músicas eletrônicas e tecnos, que dão um toque especial ao jogo. Além de fazer parte da apresentação, menus, vídeos e animações, a trilha compõe alguns momentos de tensão durante as fases, complementando a jogabilidade e ajudando a criar o clima de Matrix.
As dublagens são todas originárias dos atores reais, o que também ajuda para a qualidade do jogo, e mantém um realismo bem atrativo aos jogadores. A única falha é que, durante o jogo, os personagens não trocam muitas conversas, e quando o fazem, não mexem os lábios dando uma impresão meio fake. Fora isso, os vídeos e animações mantêm uma ótima qualidade sonora.
Multiplayer:
Sem suporte à multiplayer.
Gráficos:
O aspecto gráfico de Enter The Matrix pode ser o mais polêmico entre as opiniões dos jogadores. De um lado, você pode considerar os belos e bem detalhados cenários, com a vantagem de rodar com excelente performance mesmo em computadores não muito atualizados; enquanto que, por outro lado, pode desanimar os jogadores mais exigentes, que gostariam de ver os mais belos efeitos e texturas rodando em sua máquina de última geração, já que o game não traz nada de revolucionário, nem gráficos de ponta. Desta forma, contanto que você não seja um gamer muito exigente, poderá se satisfazer com a qualidade gráfica do jogo, mas para alcançar os melhores resultados é necessário uma placa de vídeo da linha GeForce 4 Ti ou Radeon 8500 para cima, para poder abusar do anti-aliasing e do filtro anisotrópico, que colaboram em muito para oferecer um aspecto com mais qualidade, dando um visual bem mais aceitável. Rodar o game com uma GeForce 2, embora seja totalmente possível sem enfrentar travadas, limita em muito a utilização dos filtros, o que pode acabar decepcionando o jogador, com uma qualidade gráfica comparável a jogos de um ou dois anos atrás.
O efeito do bullet-time dentro do game deixa a imagem como se estivesse “borrada”, mas se assemelha à sensação mostrada pelo filme, embora muitos jogadores tenham reclamado do efeito. A movimentação dos personagens e golpes especiais nas lutas corpo-a-corpo, mostram um excelente cuidado da Shiny, que trabalhou pesado em cima da captura de movimentos com dublês e os atores reais, e o mesmo vale para a modelagem dos personagens principais (Niobe e Ghost), e outros personagens da série que ganharam a sua versão no jogo.
Um outro lado negativo da parte gráfica é a sua repetição de cenários que, em diversos momentos, podem causar cansaço visual ao jogador, a ponto de parecer que você está passando pelo mesmo lugar diversas vezes seguidas. Porém, com certeza, a parte mais desanimadora do jogo em relação aos gráficos é (mais uma vez) nas fases de perseguição de carro e quando se pode controlar a nave flutuadora Logos, quando se tem a impressão de ser transportado para um jogo de cinco anos atrás. Além disso, estão presentes alguns bugs nos cenários e nas texturas dos objetos e paredes, que mesmo com a última atualização não foram totalmente corrigidos.
Conclusão:
Enter The Matrix é o tipo de game que causa muita polêmica entre os jogadores, pois pode tanto agradar em muito os fãs da série menos exigentes, como irritar os hardgamers que esperavam um título revolucionário e com gráficos de primeira. Certamente, o game não estará na lista dos melhores de 2003, mas também não chega a apresentar tantas falhas a ponto de estar entre os piores. Seus grandes trunfos são ser o primeiro título da franquia Matrix, trazer cenas exclusivas com os atores reais e um enredo super interessante, que ocorre paralelamente a história do Matrix Reloaded, o que já é mais do que suficiente para agradar grande parte dos fãs.
Porém, sua jogabilidade dos consoles não tão bem adaptada para o PC, um posicionamento de câmera que chega a incomodar em diversos momentos, além de uma qualidade gráfica considerada bastante modesta para os concorrentes atuais do estilo, podem desiludir os que esperavam um game de ponta ou que não tenham qualquer afinidade com a série cinematográfica para se satisfazerem com o enredo.
Já para os fãs de Matrix, o game pode proporcionar ótimos momentos de diversão, realizando o sonho de muitos em poder entrar (pelo menos virtualmente) no universo criado pelos irmãos Larry e Andy Wachowski.
A jogabilidade fica bem melhor após as primeiras horas de jogo, e depois de pegar o jeito de todos os saltos e golpes de arte marciais, fica realmente animador enfrentar as fases na pele de Ghost e Niobe (vale a pena terminar com cada um pelos extras), enfrentar dezenas de Smiths, e achar que você realmente pode ajudar para a salvação de Zion. Neste sentido, Enter The Matrix faz bem o seu papel, permitindo até que você consiga esquecer todos os aspectos negativos em alguns momentos, e se concentre tentando encontrar a porta certa para atender o telefone, ou para realizar aquele pulo fenomenal e atirar no esquadrão de policiais que estão a sua espera. E mesmo sem trazer a opção multiplayer, que poderia ajudar na longevidade do game, o modo de hackeamento oferece uma boa opção para os fãs de Matrix, com algumas inovações interessantes.
Portable Enter The Matrix PT-BR:
Parte 1: Download [2 GB]
Parte 2: Download [677 MB]
“BAIXOU?GOSTOU?ENTÃO COMENTA,NÃO CUSTA NADA!”
Imagens do Jogo:
Obs: Game compativel com o Windows XP / Vista / W7.
Versão Instalada: 3.2 GB→Versão Portable: 2.6 GB! 🙂